3 anos 5 meses 18 dias 8 horas e mixaria....mas
posso sentir ainda o cheiro no aeroporto do primeiro dia em que , por
destino, se existe, pelos ventos talvez , cheguei no pais que em dois tempos distintos, foi minha prisão e minha paixão,
meu castigo e minha salvação. Parece de sentir ainda a açafata chamar o meu voo, e com
ele, a minha alma, partida numa mistura de medo e amor. Tudo novo, tudo
diferente, uma vida deixada atrais em poucas caixas, um sobre com a promessa de voltar....
Brasil terra mestiça, terra crua, sofrida e seca dos
olhos verdes e a pele de ébano e terra florida dos olhos, que só um deus poderia
ter pintado. Um deus com pandeiro e cuíca que crio o ritmo que chamou samba.
Escrevo num idioma que não é meu, por isso senhores, desculpem
meu português, mas cheguei aqui sem saber dizer bom-dia e hoje falo “a porra toda”. Me atrevo nas gírias mineiras, cariocas, paulistas e gaúchas, para me sentir
um pouco mais brasileiro. Cheguei por amor de uma mulher, foi embora, voltei de
novo por ela...e fiquei por amor, dessa vez para o país. Toquei o fundo do chão
e aprendi que se por alguém è o fim para mim, capoeira de adoção, è só o começo.
Mandinga, capoeira de nego e terreiro de
angola, aulas de vida, desenhada nas
arrugas dos rostos de quem cada dia luta por um prato de arroz e feijão. Deles aprendi! Brasil me fez descobrir a pessoa que
quero ser e o caminho para pode-lo lograr.
Ahi foi! construí meu lar, o compartilhei conquistei
meu espaço o respeito, me descobri mais forte do que podia imaginar, e que a vida só da
desafios que se podem vencer, porque “tudo vai dar certo” isso aprendi! O que
sucede nesse espaço è só crescimento .
O migrante, o “marítimo” precisa de força, valentia,
coragem, uma boa navalha, a sorte dos ventos e a bençoo das reinas de todos os
mares, iemanjá. Mais uma vez no cais uma vez em casa, precisa de parceiros fiáveis
de amigos sinceros para uma pinga que esquente, uma palavra que abrace e anime para
que a tempestade se transforme em brisa. Em cada
cais em cada cidade encontrei tudo e mais que isso, os nome tal vez não importem
agora, mais a sorte è que são muitos e o que importa é que ficaram.
Nesses cais além de amigos e companheiros, encontrei uma mulher que por um tempo foi minha, e
depois mais mulheres.... encontrei poesias, poesias modeladas em lindos corpos, em
sorrisos, olhares, balanços, beijos, cheiros e noites de paixão que dessa vez não foi
suficiente para poder ficar.
Apostei nesse gigante na magica que esconde, que se
revela nas ladeiras, nos amanheceres e por do sol lindos, no choro e no samba
no botequim da esquina e na Avenida. Nas montanhas de Minas, nas praias da
Bahia na maravilha da minha Rio, na fita da rede em Ipanema, nas esquerdas do Arpex.
Os saludo daqui do posto 9,
vendo o sol se por em um domingo de Março, voltando para casa com nas costas a silhueta
dos dois irmãos exaltando as cores arredor. Voltando para casa com a ideia que,
daqui a poucos dias, deixarei tudo isso.
Foi então quando o mar tinha apagado aquele
incrível incêndio do céu, foi então, naquele exato momento com o Mestre Cartola
tocando no ar, que descobri o que quer dizer saudade.
Boa noite e boa viagem
Simone!
RispondiEliminaAchei muito incrível sua homenagem ao Rio, ao Brasil. Me fez chorar! Fico muito feliz que minha terra tenha sido sua durante esse tempo e que, na medida do possível, pôde te acolher como um filho daqui.
Boa sorte na sua trajetória e volte logo, pois a quadra de futevolei tá esperando por você. Está faltando um grande jogador!
Beijo Grande!